sexta-feira, abril 14, 2006

Rossana Garcia

"Pediram-me para escrever um artigo sobre karate para um BLOG e ei-lo... ja escrevi e enviei... partilho avec vous. lol

Por vezes dou por mim no meio de e entre muitos outros que apreciam karate. A verdade é que como em tudo o resto na vida, por mais que nos identifiquemos com algo ou alguém, há sempre um momento, o momento, em que as coisas deixam de ser tão lineares. Não quero debitar lugares-comuns nem serei a pessoa mais indicada para tentar dar lições de moral a pessoas que já dedicaram mais anos ao Karate do que aquelas que tenho de vida, mas mesmo assim arrisco em partilhar a minha opinião... que vale o que vale.
O Karate desportivo sofrerá certamente das mesmas vicissitudes do tradicional, sendo que tem tanto de pernicioso como de benéfico. Não é sobre a forma que quero tecer alguns comentários, será porventura sobre o contéudo. Não é o todo, são as partes... sem esquecer que já Aristóteles dizia que o “Todo é mais que a soma das partes”.
Tive o desprazer de assistir nos Nacionais do passado fim de semana a cenas verdadeiramente rocambolescas e que penso EM NADA DIGNIFICAREM o KARATE. Que é feito da elevação moral que supostamente se deve procurar? Quando se calçam as luvas ou fatos de treino só interessa a vitória? Será assim tão fácil esquecer e renegar a essencia quando está em jogo uma medalhita? Qual é o principal objectivo de um atleta? Respondo POR MIM: entrar no tatami e fazer o seu melhor. Dar o seu máximo. Ganhar consciência das suas limitações e potencialidades com vista a um aprimoramento futuro do seu Karate... buscar sempre “mais” e “melhor”... de si. E se nao for pedir demais, porque não: divertimento a fazer algo de que se gosta!
Quem se deslocou aos Nacionais de Pre-Infantis, Infantis, Iniciados e Juvenis terá visto isto em pouquissimos competidores... e mais raro ainda nos seus treinadores. Poucos se preocupam em ensinar ou instruir as “pessoas” a seu cargo... querem é resultados. Porquê? Para que o atleta se sinta bem ou para que possam infantilmente competir com os titulos que estes que apresentam e podem trazer aos clubes, associações e/ou estilos?
Entristece-me profundamente ver “senseis” aos gritos, as esbracejar, a serem INCORRECTOS para com os seus “camaradas” àrbitros em vez de se preocuparem em APOIAR os seus jovens. Preocupa-me sobretudo que sejam MAUS EXEMPLOS para aqueles que tudo fazem para que estes deles se sintam orgulhosos. Vi muitos miudos a chorar enquanto treinadores os massacravam por prestações que a seu ver ficaram àquem. Leva-me a crer que a Federação não anda a formar bem os seus treinadores... sobretudo se apoiassem mais os àrbitros e se penalizassem mais este tipo de comportamentos talvez as coisas fossem ao lugar.
Não sou àrbitro, compito e nunca questiono decisões de arbitragem – pese embora me possa sentir prejudicada. Não creio que isso me ajude a ganhar competições. Tenho a certeza que estar a ser pressionado por treinadores / outros competidores e tudo o mais não ajude em nada nas decisões de arbitragem. Em vez de vociferarem patéticamente em todas as direcções porque não se didicam à arbitragem muitos desses “treinadores”. Dá trabalho conhecer as regras? Aplicá-las? Ensiná-las?
Gostava de saber quantos destes campeões de hoje vão permanecer no karate e alcancar tantos mais titulos no futuro... e já agora, se não for pedir muito, quantos deles mesmo que não sigam a via competitiva se apaixonam pelo “todo”... pelo KARATE."

Rossana Garcia

1º Dan

Psicóloga